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Dra Geórgia Fonseca

Birra? Os terríveis dois anos!




Ai essa mania de usar terminologias em inglês... Até parece que isso é coisa nova...Trata-se apenas da fase em que a criança vive aos dois anos de idade. Vivemos em uma sociedade que gosta de rótulos. Então agora, é tudo por causa dos “Terribles Two“.

Aos dois anos, a criança já anda e fala muita coisa, o que facilita o desprendimento da mãe e também a sua relação com o pai e os outros.

Até os cinco anos, a criança pensa que é o centro do universo e que as pessoas existem para satisfazer os seus desejos. Ela é egocêntrica. Tudo é dela, não divide brinquedos e se opõe às ordens e limites.

Gosta de esparramar os brinquedos, construir e destruir coisas, explorar todo o ambiente e como os adultos precisam de rótulos, a criança passa a ser chamada de teimosa, egoísta, birrenta e hiperativa.

Ela gosta de se exibir diante dos outros, mexer com terra, água, fazer sujeira. Explorando, sujando, teimando e mexendo em tudo, ela desenvolve a psicomotricidade, a inteligência e a capacidade cognitiva. Seus impulsos motores estão muito desenvolvidos, corre em todas as direções, deixando os outros exaustos. Sobe em tudo, liga e desliga tudo o que estiver ao seu alcance, rasga revistas e assim fortalece o seu tônus muscular.

Na relação com as outras crianças, empurra-as e trata-as como objetos manipuláveis, sendo incapaz de compartilhar os brinquedos e as brincadeiras. Podem estar juntas, mas cada uma brinca separadamente.

Ainda nessa fase, acontece um fenômeno muito importante. É quando a criança se liga a um brinquedinho, paninho qualquer e dele não se desgruda nunca. Trata-se do objeto transicional, que a tranquiliza por representar a mãe ou o seio materno. Ele não deve ser retirado da criança, pois isso poderia atrapalhar a sua relevante função, acarretando possíveis danos psíquicos.

Essa criança não entende o significado moral da palavra NÃO e é bobagem colocá-la de castigo, para PENSAR sobre o que fez. Isso só serve para mostrar à criança que PENSAR é castigo.

Nessa fase, desenvolve medos inexplicáveis e, por vezes, comportamentos estranhos. Ela acha que os objetos têm vida própria e algumas vezes os teme.

A sua necessidade e autonomia e de conhecer o mundo é interminável, sendo importante que a deixemos explorar o ambiente (basta tirar o que for de valor ou perigoso do seu alcance). A aprendizagem se dá pelo toque e pela experiência.

Aliás, toda a aprendizagem não se transmite pelo processo “eu falo e você escuta “. Trata-se de um processo ativo e construtivo.

Pense bem antes de dar limites para essa criança. Como ela não entende o NÃO e como se acha a dona do mundo, ela vai insistir naquilo que você a proíbe. A melhor maneira de dar limites nessa fase, é mudando o foco da atenção da criança. Não adianta dizer:

- Desça daí!

Ela vai teimar, então é melhor você se levantar, tirá-la de onde está e atrair a atenção dela para algo interessante.

Elas estão aprendendo a ter a sua própria voz. A se tornarem líderes. A serem exigentes com a perfeição. A terem auto-confiança. A serem capazes de tomar decisões. A “pensar fora da caixa”. A exercitarem sua criatividade sem inibições. Estão aprendendo a superarem suas limitações. Descobrindo seus pontos fortes. A frase: “ Deixa que eu faço sozinho” é o maior treino de auto-suficiência desta idade! São incríveis e rápidos aprendizes porque afinal, tudo no mundo é para eles uma novidade. Suas mudanças bruscas de humor demonstram que eles estão sempre em contato com suas emoções. Outra coisa muito importante de notar e que nós deveríamos até aprender com eles é que, nesta fase, eles dedicam sua vida à viver o momento presente. Não se apegam ao passado nem sofrem pelo futuro. Vivem intensamente o agora! São capazes de apreciar intensamente pequenas coisas, coisas simples. Além disso, eles sempre vêem o melhor e esperam o melhor de todas as pessoas. Eles têm um espírito inato de confiança nos outros. E acima de tudo: acreditam que os beijos são mágicos e podem curar.

Será que a criança de dois anos é tão terrível assim?

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