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Pai ausente, pai presente, pai de autista, pai de crianças especiais.

Dra Geórgia Fonseca


Falar para vocês, na proximidade do dia dos pais, o que assisto nos consultórios com relação ao abandono de alguns pais no caso das crianças especiais, seria por demais triste numa época em que vocês querem ouvir apenas louvores aos papais. Ao mesmo tempo digo que vejo pais tão engajados, participativos, conscientes, práticos e provedores não só de amor, mas de uma energia que é um misto de força e amor que impulsiona a família adiante que chego a afirmar que a atitude deles é um dos fatores primordiais para a melhoria das crianças. Eles são o esteio, o arrimo, o porto seguro destas famílias e destes pequenos. E isso me envolve num sentimento de admiração e respeito imenso.

Nos congressos que vou fora do país vejo muitos relatos e apresentações de pais. Estava aqui fazendo uma retrospectiva de tudo que assisto, e lembrei dos relatos de um pai. Um pai que viveu em Missouri chamado Bob Dale. Ele não fugiu. Ele não arrumou desculpas. Ele não teve seus brios maculados por ter que apresentar ao mundo uma “cria que não era perfeita”. As frases de Bob eram tão perfeitas com relação a tudo!

Em relação à necessidade de estar pero sempre de sua esposa, ele dizia: “Minha esposa não podia lidar com este trauma sozinha! Precisávamos um do outro para lidar com tudo o que estava acontecendo...”

Com relação ao vai e vem às terapias e terapeutas, ele dizia: “Os prestadores de serviços e os terapeutas tiveram que me conhecer e aprender, mesmo que talvez não gostassem, a aceitar o fato de que eu fazia parte da vida da minha filha. Aprendi as regras deles... eles tiveram que me engolir...”

Com relação ao cotidiano ele dizia: “Anos depois eu estou cheio de cicatrizes, fortalecido com a luta e mais sábio pelas experiências, e ainda sinto uma alegria imensurável ao pegar minha filha angelical no colo e fazê-la dar um sorriso. E quando chegam os momentos difíceis – e eles são implacáveis - eu simplesmente respiro fundo, me pergunto QUEM realmente está sofrendo, e então faço o que tem que ser feito.”

E em relação a não estar apenas trabalhando e ficar confortável apenas no papel de provedor, mas estar presente sempre que podia, ele simplesmente dizia: “Ficar ativamente envolvido com a reabilitação da minha filha tem sido meu principal mecanismo de enfrentamento”.

E demonstrando realmente o que para mim é ser um pai herói ele dizia:” ...Ao compreender e amadurecer mais, aprendi a ver os aspectos positivos e negativos de todas as situações. Aprendi a encarar firmemente os problemas e a não culpar os outros pelo meu infortúnio. Consegui pegar uma quantidade monumental de insultos psicológicos e de duras realidades e- uma a um- incorporá-los na minha maneira de viver. Nenhum de nós é impotente. Todos nós temos recursos à utilizar que podem melhorar a vida de nosso filhos e a nossa vida com eles. Seus pontos fortes podem ser diferentes dos meus, mas é certeza de que eles existem, Você pode deixar a vida de seu filho melhor, não importa o nível de comprometimento dele.”

E Bob nunca deixou de expressar a verdade da dor que pais e mães sentem: “Toda vez que vejo uma garotinha brincando, passeando com o seu pai, pedindo que ele lhe compre um sorvete, tenho uma profunda e dolorosa sensação de perda. Sinto-me traído e maltratado. E assim que esses pensamentos aparecem logo são substituídos por um encantamento pela beleza dessa obra de arte. Eu sorrio e faço uma oração em silêncio, pedindo à Deus que acompanhe aquela criança e que a proteja. Minha filha está me esperando em casa. Ela também gosta de sorvete.”...

Vejo que o futuro de humanidade ainda pode ser de luz porque tenho encontrado outros Bobs Dale no caminho. A esses pais maravilhosos, lutadores, presentes e especialmente corajosos eu quero render meu preito de gratidão e louvor. Todos os dias. Hoje e sempre...

Dra. Geórgia Fonseca

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